sexta-feira, 13 de novembro de 2015

"Deuses e Mortais" marca a renovação da mitologia da Mulher-Maravilha

Mulher-Maravilha - Deuses e Mortais

Em tempos de Batman vs. Superman, cresceu o interesse em estudar a origem da Mulher-Maravilha, principalmente quando se tenta adivinhar qual será a versão adotada no longa. Historicamente, duas origens da heroína se destacam: a clássica, aquela idealizada pelo criador da personagens William Moulton Marston; e a versão pós Crise das Infinitas Terras (que zerou a cronologia DC), idealizada por George Pérez e Greg Potter. Embora guardem entre si muitas similaridades, na versão mais de Pérez a Mulher Maravilha, bem como todas as Amazonas, são reincarnações de mulheres assassinadas por homens, com o detalhe de que Diana foi concebida diretamente do barro e presenteada com atributos de vários deuses.

Em Mulher-Maravilha - Deuses e Mortais acompanhamos a atualização da origem da heroína para os novos tempos. Pérez e Potter preservaram muito da origem da década de 40, como a origem do barro, a queda de Steve Trevor na Ilha Paraíso, o torneio de habilidades que alçou Diana como o arauto das Amazonas. Contudo, esse cânone viria muito se modificar com Os Novos 52. Segundo a origem concebida por Brian Azzarello e Cliff Chiang em 2011, Diana se tornou filha de Zeus com Hipólita, dando uma justificativa mais acessível para os poderes da, agora, semideusa. Além disso, a participação de Steve Trevor na origem foi praticamente apagada.

É interessante observar a necessidade da DC em continuamente atualizar a origem da Mulher Maravilha, notadamente conhecida por ser uma personagem difícil e editorialmente problemática. Mas tanto George Pérez quanto Brian Azzarello tiveram extremo sucesso em apresentar suas versões da heroína, dando ótimos pontapés na reestruturação da personagem, cada um a seu tempo. A DC, inclusive, cogitava após a Crise reinventar totalmente a heroína, de forma que o único elemento em comum com a versão clássica seria o nome. Tanto Pérez quanto Potter intervieram e criaram uma alternativa viável de reconstrução.

Em Deuses e Mortais, o primeiro grande desafio de Diana é Ares, o deus da guerra. Para enfrentar a ameaça representada pela sanha conquistadora do deus que pretende subjugar toda a Terra, Diana é levada por Hermes ao Mundo do Patriarcado (nosso mundo) para, finalmente, ter o seu primeiro contato com nossa sociedade (até então ela nunca tinha saído de Themyscira) e enfrentar seu inimigo.

A importância de George Pérez para a revista da Mulher-Maravilha não ficou restrita a seus belos e detalhados desenhos, a reconstrução da personagem empreendida nesse primeiro arco do pós Crise serviu para que a personagem sobrevivesse a mudança dos tempos. Essa análise também vale quando a considerarmos como ícone do feminismo como ela é, pois nada mais coerente foi do que atualizá-la aos tempos modernos, uma vez que os direitos femininos em muito se expandiu desde a década de 40.

Em tempo: no filme Batman vs. Superman a origem da Mulher Maravilha será aquela contada por Azzarello e Chiang nos Novos 52 (semideusa filha de Zeus e Hipólita). A origem da heroína (como um ser moldado no barro) será considerada apenas como uma lenda.

Mulher-Maravilha - Deuses e Mortais
Wonder Woman #1-7
**** 8,0
DC | fevereiro a agosto de 1987
Panini | maio de 2008
Argumento: Greg Potter e Len Wein
Roteiro e Arte: George Pérez

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